domingo, 5 de agosto de 2012

Os sonhos perdidos na amargura da precariedade



Professora contratada há 16 anos:

Conta-me a minha avó que, desde que entrei na primária, sempre disse que quando fosse grande queria ser PROFESSORA. Ninguém, na minha família, acreditou seriamente neste meu desejo, pensando que a minha provável profissão seria empregada fabril ou qualquer coisa do género…Até então ninguém da família tinha entrado numa faculdade ou tinha realizado o seu sonho! Os meus avós (por quem fui criada), com as suas fracas possibilidades financeiras, lá conseguiram proporcionar-me este meu sonho, acabando por me pagar os estudos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O facto de ter sido bolseira da Gulbenkian também ajudou a manter este meu sonho … As responsabilidades eram muitas, já que os sacrifícios dos meus avós tinham de ser recompensados. E, ao fim de quatro de anos de Licenciatura e dois de Pedagógicas, concretizo, finalmente, o meu sonho…sou professora! Hoje, casada e com dois filhos, ainda não desisti do meu sonho, mas confesso que estou cansada, porque todos os anos passo pela mesma aflição de sempre….Será que vou ter trabalho? Será que irei para longe e, para continuar com o meu sonho, vou ter de deixar os meus filhos? Valeu a pena os meus sacrifícios, os sacrifícios dos meus avós e vale a pena, agora, os sacrifícios da minha família para a concretização deste meu sonho? Confesso que, sempre que entro dentro de uma sala de aula e olho para os meus alunos, penso…Afinal valeu a pena! Este ano, o Sr. Ministro quer me mostrar que afinal todos esses sacrifícios não valeram de nada, porque vai acabar com o meu sonho!


Uma professora contratada



Professora contratada há demasiado tempo para continuar a sonhar?!

O sonho comanda a vida, mas o Crato pode consolidá-lo.

Vincule quem assim sonha Senhor Ministro da Educação!