(3/12/2013 - 9518 visualizações)
O súbito interesse do MEC em colocar no terreno uma prova que merece todos os adjetivos que a tornam tão repugnante deve-se a fatores desconhecidos para os professores e a população em geral.
Não se trata de assegurar qualidade
do pessoal docente, não! Trata-se de algo mais profundo que não é de todo fácil
de vislumbrar para os professores que são chamados à exterminação, assim, sem
mais nem menos.
Primeiro foram os vinte euros que
serviram de engodo à discussão de trocos e não da essência.
Depois a parangona dos números, os
37000 professores inscritos, número atirado como se de 37000 caras felizes se
tratasse!…
Depois a benevolência do alargamento
do prazo. E, um dia destes, virá Crato dizer que os melhores tiveram coragem
para se inscreverem na prova, os realmente bons logo se verão, mas que todos
merecem uma oportunidade.
Balelas, mais uma vez!
O que tenho para revelar:
Até ao momento mantive-me quase em silêncio sobre este assunto, aguardando o momento certo para desmascarar os atuais dirigentes do MEC e os carreiristas que por lá habitam. E faço-o porque está em causa muita coisa, mas sobretudo o ganha pão de milhares de professores, que começo a já não chamar de contratados, porque realmente vão deixar de o ser por imposição da Comissão Europeia ou, na pior das hipóteses, do Tribunal de Justiça da União Europeia.
Até ao momento mantive-me quase em silêncio sobre este assunto, aguardando o momento certo para desmascarar os atuais dirigentes do MEC e os carreiristas que por lá habitam. E faço-o porque está em causa muita coisa, mas sobretudo o ganha pão de milhares de professores, que começo a já não chamar de contratados, porque realmente vão deixar de o ser por imposição da Comissão Europeia ou, na pior das hipóteses, do Tribunal de Justiça da União Europeia.
Como saberão os colegas, tenho-me
batido pela vinculação dos professores de todas as formas possíveis e viáveis,
nomeadamente junto da Provedoria de Justiça, do Parlamento de Portugal e do Parlamento
Europeu. O resultado mais recente dessa ação inicial, com o reforço de outros
contributos, foi o ultimato lançado recentemente pela Comissão Europeia no
sentido de que fosse apresentada pelo governo português uma solução para a
vinculação dos professores contratados com mais de quatro anos a contrato a
termo certo.
Este foi o culminar de um processo
de alegações da minha parte contrapondo às do ME, em resposta a questões que a
Comissão Europeia (CE) me foi colocando acerca da situação dos professores
contratados em Portugal na sequência da petição que apresentei em 2009.
E, ao longo destes quatro anos, fui-me apercebendo da estratégia do ME que foi no sentido de, mentira atrás de mentira, ir tentando ludibriar a Comissão Europeia de forma a que a causa dos contratados morresse na praia.
Claro que, como parte interessada, fui tendo acesso às respostas do ME à CE, as quais tive oportunidade de rebater, sucessivamente, uma após outra, encurralando deste modo os respondentes de serviço do ME junto da Comissão.
E, ao longo destes quatro anos, fui-me apercebendo da estratégia do ME que foi no sentido de, mentira atrás de mentira, ir tentando ludibriar a Comissão Europeia de forma a que a causa dos contratados morresse na praia.
Claro que, como parte interessada, fui tendo acesso às respostas do ME à CE, as quais tive oportunidade de rebater, sucessivamente, uma após outra, encurralando deste modo os respondentes de serviço do ME junto da Comissão.
E numa dessas questões que me iam
sendo colocadas (certamente com o conhecimento do ME), perguntava-me a CE se
em Portugal o acesso à carreira estava condicionado por alguma Prova de Avaliação
de Competências (PAC)! Ou seja, basicamente a CE pouco ou nada sabia do que se
passava no nosso país em termos de emprego docente, de forma de acesso à
carreira, etc.
Assim, tive de elucidar a CE, entre outros, acerca deste aspeto: que em Portugal não existia nenhuma PAC, pois os professores eram certificados pelas Universidades e Escolas Superiores de Educação após realização de um Estágio Pedagógico, sem o qual não podiam exercer a profissão. Que essa é que era a VERDADEIRA PROVA DE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS pois baseava-se no trabalho contínuo do professor a ser certificado ao longo de um ano de supervisão pedagógica.
Assim, tive de elucidar a CE, entre outros, acerca deste aspeto: que em Portugal não existia nenhuma PAC, pois os professores eram certificados pelas Universidades e Escolas Superiores de Educação após realização de um Estágio Pedagógico, sem o qual não podiam exercer a profissão. Que essa é que era a VERDADEIRA PROVA DE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS pois baseava-se no trabalho contínuo do professor a ser certificado ao longo de um ano de supervisão pedagógica.
Mas, esta pergunta acerca da PAC ficou no ouvido dos dirigentes do ME. E, com a evolução do processo associado à
petição que apresentei, há algum tempo que o ME se apercebe que não iria
ter alternativa senão vincular os professores a contrato, pois a Comissão Europeia há já um ano e meio atrás que vem dando sinais de irritação pelo ME sistematicamente se ter
tentado esgueirar à sua responsabilidade com mentiras sucessivas acerca destes
professores sem vínculo.
Assim, desde há cerca de um ano e meio que
no ME se iniciou o estudo sobre uma forma de vincular o menor número possível de
professores naquela situação. Foi em resultado desta busca que, inicialmente, o ME tentou atirar areia para os olhos da
CE, fazendo uma vinculação extraordinária para surpresa de muitos, mas que abrangeu só cerca de 2% dos
candidatos!
Mas, felizmente, a CE foi alertada em tempo útil e reagiu muito mal a este concurso de fachada, e daí o recente ultimato ao governo para
resolver a situação de uma vez por todas.
Que a Comissão iria tornar pública esta exigência já desde há uns meses se sabia no Ministério da Educação. E por isso havia que avançar em tempo record com uma estratégia que minorasse os custos de uma exigência da CE no sentido de se vincular os contratados.
Que a Comissão iria tornar pública esta exigência já desde há uns meses se sabia no Ministério da Educação. E por isso havia que avançar em tempo record com uma estratégia que minorasse os custos de uma exigência da CE no sentido de se vincular os contratados.
Lembram-se do que lhes disse há umas
linhas atrás? Que a Prova de Avaliação de Competências sobre a qual a CE me tinha
questionado ficou no ouvido de alguém?!
E esse alguém foi precisamente esta equipa ministerial,
certamente alertada pelos carreiristas do ME para esta janela de oportunidade
que era a PAC, para de uma forma artificial
reduzir em muito o número de professores vinculáveis. Que, de futuro, mais
fácil será justificar junto da CE que não se vincularam muitos professores porque, segundo os resultados das provas realizadas, não estavam aptos para
exercerem a profissão!
No pensamento obtuso dos dirigentes do ME e seus carreiristas conselheiros, passou e passa qualquer coisa como: "Pois se a existência da prova foi uma pergunta da Comissão Europeia, que jeito nos dará agora para afunilarmos as entradas nos quadros dos professores sem vínculo!
No pensamento obtuso dos dirigentes do ME e seus carreiristas conselheiros, passou e passa qualquer coisa como: "Pois se a existência da prova foi uma pergunta da Comissão Europeia, que jeito nos dará agora para afunilarmos as entradas nos quadros dos professores sem vínculo!
É a estratégia do desespero de um ME sedento, a todo o custo, por contenção de custos!
E é isto que pretendo denunciar à
Comissão Europeia, a Prova de Avaliação de Competências como uma fraude, uma
mentira, mais uma do governo para não vincular que tem de vincular ao abrigo da
Diretiva 70-99/CE. Uma prova feita a quem já há muito tempo tinha os quatro anos e que, por isso, ao abrigo desta Diretiva, já há muito tempo que deveria ter entrado nos quadros!
Quem acha difícil convencer a CE sobre isto está redondamente enganado, pois a irritação desta é grande com o novelo de mentiras do Ministério da Educação.
A prova mais clara, que faz encaixar todas estas peças que acabo de revelar é a seguinte:
- O ME quis que todos os professores sem vínculo, mesmo aqueles com muitos anos de serviço, fizessem a todo o custo a PAC. Não vos soa estranha esta exigência?!
- Razão: o objetivo de minorar as entradas nos quadros não se compadece com questões menores como experiência profissional (pensam eles!).
O comboio está em andamento. Se no dia 18 de dezembro os professores entram ou não nas câmaras de extermínio, isso depende do que fizerem no comboio durante a viagem!
Jorge Costa
Quem acha difícil convencer a CE sobre isto está redondamente enganado, pois a irritação desta é grande com o novelo de mentiras do Ministério da Educação.
A prova mais clara, que faz encaixar todas estas peças que acabo de revelar é a seguinte:
- O ME quis que todos os professores sem vínculo, mesmo aqueles com muitos anos de serviço, fizessem a todo o custo a PAC. Não vos soa estranha esta exigência?!
- Razão: o objetivo de minorar as entradas nos quadros não se compadece com questões menores como experiência profissional (pensam eles!).
O comboio está em andamento. Se no dia 18 de dezembro os professores entram ou não nas câmaras de extermínio, isso depende do que fizerem no comboio durante a viagem!
Jorge Costa
Muito obrigada Jorge!
ResponderEliminarAcho interessante e credível a teoria de tentar pôr só nos quadros os contratados n pela sua graduação mas sim pelo seu sucesso ou fracasso numa prova, independentemente do seu grau de exigência, pois o processo subverte toda a lógica da qualificação neste caso de professores. Por outro lado preocupa-me o facto do MEC ter sempre argumentação suficiente para ultrapassar os obstáculos da União Europeia, pois esta ultima nunca pode, no limite, obrigar nenhum país a vincular professores se não existirem necessidade efetivas, se não existirem lugares nos quadros para ocupar, então eles querem rescindir com os do quadro, quanto mais efetivar colocados!!! Acho que neste caso, e digo isto com tristeza, chegámos todos tarde demais pois permitimos coisas como: Os mega agrupamentos, a extinção de disciplinas como área de projeto, estudo acompanhado e formação cívica, a ultima revisão curricular ou o aumento de alunos por turma... e só estou a falar de alguma prática política que o MEC... não acham que estas medidas não chegam para dispensar mais de 40000 professores? A prova de avaliação de capacidades, ou lá como lhe chamaram é apenas uma maneira de gerar capital para o MEC, obrigando pessoas que nem sequer estão a trabalhar a pagarem, para no proximo ano poderem ter a hipótese de roubar o lugar aos colegas que por graduação estão mais acima nas listas, tudo isto com a conivência dos do quadro que também já começam a tremer com medo que o MEC invente mais uma medida qualquer para lhes tirar o pão da boca... A prova de avaliação de conhecimentos e capacidades é uma mera manobra de diversão... não vos maço mais, obrigado pela paciência de me terem ouvido...
ResponderEliminarJorge Costa, Parabéns pelo seu trabalho e preserverança. Soube da decisão da CE, mas desconhecia os antecedentes. Por achar uma indignidade e uma injustiça a situação dos colegas contratados (evidentemente que há aqueles que preferiram não se afastar de casa, mas serão uma minoria) e por considerar que esta prova lança um manto de opróbrio sobre toda a classe, vou ajudar a divulgar o seu post.
ResponderEliminarForça Jorge, compreendo plenamente os seus argumentos e admiro a sua luta, pois eu sou professor à 13 anos e no 14º, este ano, fiquei desempregado. Mas eu sou FRACO e, infelizmente, há muitos como eu e poucos como o Jorge. Força e não desista, pois o seu exemplo poderá inspirar os fracos como eu. Bem haja!
ResponderEliminarPeço desculpa pelo erro: «à», claro que é «há», mas fiquei emocionado com a leitura da luta do colega Jorge. Força!
ResponderEliminarDesde já agradeço a luta, Jorge. Infelizmente tive de me inscrever na Prova e engolir a conversa do Ministro, dizendo que se nos inscrevemos é porque queremos fazer a prova e que temos direito de a fazer. É preciso ter lata! Até onde vai a hipocrisia...
ResponderEliminarAgora, resta saber se o Mec irá aceitará as pressões da Comissão Europeia e se vai efetivar os que chumbarem na prova mesmo tendo 10 contratos permanentes.
Eu estava a pensar deixar a prova em branco, já que leciono há 19 anos. Estou farta de ser explorada e gozada por esta gente.
Bem haja, colega.
Eu também estou inscrita na prova, confesso que foi por medo. Mas tenho que fazer o pagamento amanhã e não me apetece :-( colega Jorge sabe informar se quem não pagar tem alguma penalização?
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