sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CARTA A MÁRIO NOGUEIRA - CONFIDENCIAL!

15/11/2012

ASSUNTO: SÉRIO


Mário

Escrevo-te esperando que estejas de boa saúde, pois o que te vou dizer não é fácil ouvir e, acredita, que para quem o diz não é fácil dizer.
Sem querer, ouvi-te a falar dos professores contratados com um certo desdém. Desculpa mas é o que senti quando disseste que um contratado deveria ficar sempre abaixo de um do quadro, pois o contratado nunca tinha arriscado a ir para longe de casa!

 Que pena ouvir-te falar assim!…
 Quando andei dez anos por Coimbra sempre te via por lá de um lado para o outro na Praça da República. Estava eu sentado no Cartola (bar confluente à praça), e via-te entrar assiduamente no SPRC, com o mesmo bigode de sempre. E eu, na altura professor contratado (em 1993), que fazia 120 Km todos os dias para dar as minhas aulas, por estradas íngremes, mal imaginava que um dia serias o Secretário Geral da FENPROF. Mas também nunca imaginei que se o fosses, um dia dirias o que disseste sobre os professores contratados que atiraste para a 4.ª prioridade!
 E sabes porque é que não esperava uma desfeita dessas?
 Porque eu estive dez anos em Coimbra e sempre te vi por lá, a entrar todos os dias na Sede do SPRC. Disseram-me por aí, que a juntar a esses dez anos estiveste outros dez, e imagino que quererás estar por lá pelo menos, outros tantos! Ou seja, a tua carreira de professor será toda por Coimbra. Mas, mesmo assim, vejo com muito agrado que reconheces que ir para longe é uma virtude dos mais audazes (na tua perspetiva, todos os professores do quadro!).

 Olha Mário, sem te querer maçar, vou-te contar a história de um professor contratado há vinte anos que eu conheço muito bem, embora tenha sido raro encontrá-lo ao longo desse tempo todo, mas sabes como é a verdadeira amizade!...

 Esse professor correu o país de norte a sul, de lés a lés, mal pago, muitos anos longe de casa, longe dos filhos, com horários incompletos, corrijo, muito incompletos, pagou para trabalhar,  vestiu-se mal, alimentou-se pior, tinha um Citroen Dyane no ano 2005 com 500 000 Km, aos 40 anos ainda morava num anexo da casa da sogra, andava constantemente stressado com as contas pra pagar e, imagina, o gajo dava aulas(!), e melhor de tudo, os alunos achavam-no espetacular!

Ó Mário, com franqueza, dizer que o homem não fez sacrifícios como os do quadro!!!
Tem dó!
Tento na língua Mário, eu sempre te vi por Coimbra! Garanto-te que também gosto do fado de Coimbra, mas olha lá o fado deste desgraçado! Asseguro-te que como ele há milhares, e olha que não são do quadro!

Eu até te percebo Mário, há malta que efetivou e teve de ir para longe para efetivar. Certo, nada a dizer… a não ser que nunca mais tiveram salários de dez ou 12 horas pelo índice de vencimento mais baixo, que não tiveram um Citroen Dyane neste século, que pagaram sempre a horas o gás, a luz, a tv cabo, e as férias longe da sogra!

Mário, Mário, Mário… se calhar não devias ter dito o que disseste!... Sabes é que o meu amigo Asdrúbal, o tal do carrito de 1981, anda muito sensível. Ele até andava mais ou menos!... mas desde que começaram a falar de vinculações, que o homem deu-lhe para mudar de casa, e está a contar com isso!
 Agora, ele ficou danado quando vieste dizer que afinal o gajo nunca tinha feito sacrifícios comparado com os professores do quadro. Nunca o vi tão bravo e a dizer palavrões contigo pelo meio Mário. Claro que saí logo em tua defesa! Quer dizer, acho horrível o que disseste, está bem, mas dizer-se mal de ti daquela maneira, mesmo que tu tenhas dito coisas ainda mais horríveis dele! Sinceramente! O gajo ficou danado e começou a vociferar  que o querias atirar para a quarta prioridade como se fosse uma pessoa de 4.ª classe. Coitado, eu acho que ele perdeu a cabeça por ter sofrido muito durante vinte anos!
 Pronto Mário, está bem que o gajo ainda anda no Citroen Dyane, mas francamente, 4.ª classe… não achas que exageraste?!
Mário, como teu amigo, embora desconhecido, acredita que tive pena de ti quando te ouvi aquela dos contratados que nunca foram pra longe. Não, não estou a brincar e longe de mim querer chatear-te! Afinal conheço-te a morar e a trabalhar no sindicato há vinte e tal anos em Coimbra cidade. Isso é que foi estabilidade hein!!! Fico contente por ti!

A propósito, o meu amigo Asdrúbal disse que se fosse vinculado e o deixassem concorrer na segunda prioridade ao concurso interno, cortaria o bigode. E olha que é um senhor bigode, conhecido no país inteiro!

Um grande abraço Mário, como sempre ver-nos-emos em Coimbra
Até lá!

(PS – Não te esqueças do meu amigo, o gajo merece. Sabes, tenho pena dele, está tão acabado!...)

6 comentários:

  1. Neste texto, são proferidas uma série de acusações sobre as quais não é apresentada qualquer prova. Onde disse, quando disse, e a quem o Secretário-Geral da FENPROF disse que os professores contratados estão nessa condição porque não tiveram de concorrer para longe? Isto é tão ridículo que até custa a comentar. Em todas as intervenções públicas, os dirigentes da FENPROF sempre defenderam a vinculação dinâmica dos professores contratados e é essa, aliás, uma das razões do absoluto e total desacordo para com o instrumento que o MEC agora decidiu adoptar, depois de se ter comprometido com uma coisa e ter feito outra. O que o MEC aprovou agora unilateralmente foi um concurso externo extraordinário para ingresso em QZP. Não é isso que a FENPROF defende. Mais, quem concorrer só ingressa em QZP a partir do dia 1 de Setembro de 2013 num quadro onde já estão outros docentes, a viver uma grande instabilidade, pois sabem que esse quadro está na mira do governo para extinguir quando quiser "mover uma acção de despejo" sobre os professores do quadro. Não é isso que a FENPROF defende.
    Outra coisa. O direito de constituir organizações, nos termos legais em vigor, é universal e o de angariar sócios também, mas façam-no pela via legítima. Não errem o alvo e não tentem enfraquecer aqueles que sempre vos têm defendido. E, já agora, gastem as vossas energias a mobilizar os professores contratados e desempregados para lutarem pelos seus direitos e pelo seu futuro. Coisa que a FENPROF faz há 30 anos. Lamento este aproveitamento da fragilidade dos professores contratados para lançarem desconfianças sobre pessoas que tudo têm procurado dar(repito, procurado, nem sempre conseguido, mas não só por culpa própria) em defesa dos mais frágeis e dos que mais apoio precisam. Não peço para terem vergonha porque já vi que isso é completamente descabido, mas, ao menos, sejam sérios.

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  3. cá estão os invejosos "dos quadros" indignadíiiissimos porque alguém teve a decência de escrevera pura verdade!
    TENHAM VERGONHA NA CARA...

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  4. MUITO BEM!!1 De mim não verão nem mais um cêntimo.Que vão viver às custas daqueles que defendem...
    Enquanto não forem dispensados...É que os horário zero é o que têm de mais certo!
    Contem com iss0, infelizmente...

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  5. Jorge Costa, és o meu herói!! FORÇA...E oLHA os cães ladram e a caravana passa... DESpeitados e invejosos, porque se sentem ameaçados

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  6. Deixem-me partilhar uma história. no tempo do Santana os concursos ficaram embrulhados sem qualquer explicação. muitos concorrentes ultrapassaram outros inexplicavelmente. Como contratada, pedi auxílio à Fenprof onde era sindicalizada. Responderam-me que não sabiam o que se passava ou pq. Tive que ser eu a estudar as listas para levantar erros e reclamar destes, alertando colegas.
    No tempo da MLR os concursos voltaram várias vezes a ficar embrulhados. Novamente pedi auxílio ao meu sindicato que, só através do meu telefonema percebeu
    que havia um problemazito com os contratados. Mais uma vez tive que fazer um levantamento exaustivo de situações para reclamar, juntamente com outros colegas.
    Recentemente, foi introduzida nos concursos de contratados a regra dos professores dos privados concorrerem na mesma prioridade dos professores que têm penado no público. Quem assinou isto?
    Eu não fui de certeza, pois já me fartei de ter que olhar pelos meus direitos sozinha.
    Tenham vergonha na cara e vão dar aulas para verem o que custa, srs. Mários Nogueiras. isso sim, seria de extrema utilidade para o país. Ou será que ainda sabem como isso se faz?....
    Alexandra Mendes

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