segunda-feira, 13 de agosto de 2012

É também por gente como ele que lutámos: Luis era um professor contratado angustiado - atirou-se abaixo da ponte!... ou foram-no empurrando aos poucos?!

O caso remonta a 2009, mas está bem presente pela revolta que nos causou e causa sempre que pensamos neste nosso colega contratado que deixou de aguentar as humilhações e saltou para a liberdade eterna. Quantos Luíses andam pelas nossas escolas, angustiados pelas humilhações de serem contratados, anos e anos, sempre no fio da navalha, com a dignidade enterrada até ao pescoço na hipocrisia de quem se aproveita da precariedade para humilhar forte e feio... A maldita precariedade! 
"Quando se suicidou, Luís estava há poucos dias de atestado, a conselho do seu psicólogo e da directora. "Recentemente e em consequência do stress inerente à sua actividade profissional, nomeadamente questões de indisciplina e mesmo ocorrências sentidas como actos de desrespeito por parte de alguns alunos, verifica-se um claro agravamento do seu quadro clínico", lê-se num relatório do psicólogo.
A história é de Luís e da escola mas os sindicatos asseguram que traduz a realidade. O secretário-geral da Federação Nacional de Professores assume que são raros os casos extremos. Mário Nogueira atribui a situação à anterior tutela do ME por ter ajudado a "denegrir" a profissão de professor. "O pior que pode acontecer neste caso é desvalorizar-se a situação e dizer-se que só aconteceu porque era frágil. As pessoas não são frágeis. Têm momentos de fragilidade e é preciso agir preventivamente." Opinião semelhante tem o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação que diz que o que aconteceu a Luís pode ser vista como "uma doença profissional".
Na escola, Luís pouco falava. Guardava para si o seu sofrimento. Óscar Soares, do grupo de professores contratados do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, a que Luís também pertencia, recorda-o como alguém que "se envolvia, entusiasmava e reflectia sobre as coisas". Filomena Serrão trabalha na Câmara de Oeiras (onde o professor colaborava no boletim) e conheceu-o noutros tempos no Coro de Santo Amaro de Oeiras. "Uma pessoa muda muito em 20 anos mas recordo-o como um flautista fantástico. Nos últimos tempos cruzei-me pouco com ele, mas nada fazia prever isto."
Mas Luís deixou avisos. "Em relação ao suicídio só tenho uma coisa a opor: será justo que os bons vão embora e fiquem cá apenas os medíocres?" Deixou a frase no seu computador."

Luís, onde quer que estejas, estamos a lutar também em tua memória. Desculpa não termos começado mais cedo!...


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