As escolas apresentam dois tipos de professores: os do
quadro e os descartáveis. Nos primeiros não se toca no que se refere a
desemprego, pois isso agora implicaria um processo de indemnização que não
seria possível o país aguentar, pelo que é melhor aguardar por melhores dias.
Quanto aos contratados, as contas são simples: como andam a substituir senhoras
grávidas, sendo que alguns há vinte anos o fazem, com horários anuais, porque felizmente
neste nosso país, considerado o mais avançado nos apoios sociais, existem espetaculares
licenças de maternidade, imagine-se, de um ano inteirinho! Também o pessoal
quando fica doente é logo um ano inteiro! É incrível, mas em Portugal, quando
se adoece é no mínimo durante um ano o que não deixa de ser impressionante e
nos coloca à cabeça dos países mais desenvolvidos também no apoio à doença!
Os professores contratados são assim colocados no âmbito de
um processo de colmatação de necessidades temporárias ou residuais, sendo por isso considerados, no âmbito desse mesmo processo, de há muitos anos a
esta parte, professores sem quadro, provisórios, temporários, cujo número no
sistema é residual, mesmo que em algumas escolas já sejam 80% dos professores
em exercício de funções!
Os professores do quadro, no âmbito do processo,
terão agora de trabalhar mais horas, com um número maior de alunos e com
salários congelados e abaixo da tabela.
Os professores contratados, no âmbito deste processo,
atingirão o seu pleno, fazendo jus aos epítetos que lhes foram atribuídos
premonitoriamente nos últimos anos, nomeadamente, o mais importante de todos - professores
temporários. Assim, a partir do dia 1 de Setembro serão finalmente em número
residual e colmatarão, é mais que certo, as reais necessidades residuais.
Residuais! Pois,
porque finalmente o processo de emagrecimento foi consumado com êxito!
E dirão alguns:
- certo, mas a responsabilidade não é de quem decide, esta
crise toda tinha de ser resolvida com um processo de despedimento
coletivo de professores contratados!
Ui! Alto lá! Não lhe podemos é chamar assim…, para não chocar o pessoal, pois a maior parte
nem imagina que vai ser vítima deste processo!
O processo está assim em processamento, e o pessoal a
atingir está chocado, mas sereno, com medo, mas sereno, sem forças, inerte,
sereníssimo!
O medo de
represálias, que não me renovem o contrato, é tramado. O que os “residuais” não
sabem é que, no âmbito do processo, a renovação já era, pois os professores com
horários zero lá virão de outras escolas, em passo lento mas seguro, ocupar a
vaguita que eu julgava ser para mim! Portanto, a m… do processo vai
atingir todos, também a mim, não haja ilusões. Mas se as houver, em 31 de
Agosto a malta vai cair em si!
As listas de graduação deste ano e as listas de colocação
dos anos anteriores são um processo ilusório absolutamente alucinante para
aqueles professores contratados mais velhos que se julgam a salvo desta
confusão. Mas a coisa é real meus caros colegas!… a coisa é realíssima, o
desemprego vem aí, com contornos macabros da SOLUÇÃO FINAL, no âmbito do processo
de emagrecimento verdadeiramente anorético das escolas, cujas gorduras foram
consideradas em devido tempo como sendo precisamente os professores
contratados. Os do quadro, enfim… serão considerados pela OCDE verdadeiros
exemplos a seguir, modelos de elegância educacional que, embora escanzelados
pelo excesso de trabalho, resultado deste processo, tem o céu garantido!
E logo surgirão mais uns
estudos encomendados pelos mentores do processo, cujas conclusões serão
unânimes:
“ Os professores portugueses são felizes!”
Meus caros, é o PROCESSO!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Podem comentar com responsabilidade total pelo que escreverem.