Não é de agora, todos sabem que
os contratados dão muito jeito. Para ficarem com o pior serviço, para servirem
de cobaias na avaliação de professores, para descartar e deitar fora quando não
se precisa dos seus preciosos (mas dispensáveis!?) serviços, para ganharem mal,
para se dizer que têm emprego quando se trata de puro subemprego com meia dúzia
de horas em horário incompleto, para, …, para …, PAU PARA TODO O SERVIÇO !
Mas que maravilha, que dá jeito
dá para muitos ter estes colegas tão “voluntariosos” nas escolas, ai dá dá!
Então não é que sabe tão bem
tê-los com rédea curta, quase a sufocar, tolhidos pelo trauma da ameaça
permanente do desemprego?!
Os contratados são para alguns
uma espécie à parte, que foi criada para tapar buracos, para ser humilhada no
âmbito de um processo de pura sobrevivência profissional. Os silêncios de
alguns colegas quadrados do quadro em momentos chave, quando um contratado fala
de coisas que em principio se acha que não tinha nada que falar, deixam
permanentemente antever uma ameaça a essa sobrevivência do elemento fraco da
relação.
O professor contratado é para
muitos um ET ameaçador mas fácil de dominar, uma espécie menor que até nem
tinha nada que estar ali!
Nos anos 80 dizia-se na cantiga:
Tá caladinho senão levas no focinho! E repetia-se à exaustão. Agora diz-se, em
silêncio ao contratado (uma forma de comunicação inventada pelos seres
quadrados dominantes): Tá caladinho senão perdes o empreguinho!
Dantes, não era raro ouvir-se nas
salas de professores uma certas galinhas todas emproadas com a sua poupa
fenomenal e infernal, sotoras do quadro de nomeation defenitive, virarem-se
altivamente para um pobre colega contratado (o desgraçado na altura chamava-se,
pomposamente, “provisório”, não fosse ele querer ser “colega” depressa demais!
Como se as próprias galinhas velhas não
estivessem todas nesta vida como provisórias, e algumas já foram que eu sei!) e
diziam lá para Março, “ouça lá, é colega ou provisório?! E não estou a inventar! (Estava-se mesmo em Março, e que raio, as gajas nunca tinham falado com o prof. contratado que até era colega de grupo e tinha estado todas as semanas em reuniões com elas!).
Hoje já não é assim, a raça das galinhas
procriou e deu origem a uns seres pouco falantes, de atitudes pidescas, colados
ao poder e que se esmeram por agradar a quem pensam dever uns favores e que
lhes podem acautelar o descanso. Estas criaturas falam em silêncio e não fazem
perguntas daquelas … ou é provisôrio? Estas novas criaturas são muito
sofisticadas e agem na sombra, e à primeira suspeita de que a sua vidinha possa
estar a ser comprometida por um contratado, correm para a sala do poder a
reclamar da espécie inferior que ousou desafiá-la.
Agora já não se fala, faz-se pela
calada!
Apesar desta evolução de galinhas
falantes (mas só em Março, por causa das confianças!) para galinhitas
silenciosas, o objeto é sempre o mesmo: o desgraçado do contratado.
Mas a culpa é de quem mantém
professores contratados nas escolas não respeitando o que está estabelecido na
lei geral do trabalho, criando uma lei própria para os funcionários públicos
que em caso algum permite que um professor se efetive ao fim de quatro anos. O
Estado assinou a Diretiva n.º 70/1999 – CE, e até hoje nunca a cumpriu! O
pessoal dos sindicatos, em 13 anos nunca alegou esta diretiva. Porque será?
Será que as galinhas e as filhitas se meteram nos sindicatos e não deixaram?!
parabéns pelo texto senti na pele em algumas situações ,mas tb ainda ha muitas que não se emproaram nem vivem ainda numa redoma! bem haja!
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