quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CARTA ABERTA A TODOS OS DIRIGENTES SINDICAIS

Do autor das petições ao Parlamento de Portugal e ao Parlamento Europeu e respetiva queixa ao Tribunal de Justiça da UE, Jorge Costa.

Os novos tempos mudaram radicalmente o paradigma da intervenção cívica dos cidadãos anónimos, nomeadamente em causas públicas de grande alcance. De facto, as redes sociais e a blogosfera vieram alterar o panorama ao nível da intervenção das pessoas até então relegadas ao silêncio ou à reduzida interatividade com outros elementos em idênticas circunstâncias. Trouxeram a queda de regimes ditatoriais no norte de África e têm vindo a alterar a relação de poder entre governantes e governados um pouco por todo o mundo. É com esta nova realidade que, também as organizações sindicais, em particular as de professores, devem contar. Por isso, nunca mais será fácil não agir! Caso não atuem, as organizações sindicais que façam perdurar atitudes de negligência em relação à defesa de quem representam, correm o risco de serem rapidamente descredibilizadas em praça pública por essa inação. Portanto, a intervenção passou a fazer-se em ambos os sentidos, deixando vislumbrar uma atmosfera democrática mais intensa entre governantes e governados, entre representantes e representados. Penso que algo vai mudar muito rapidamente, em concreto no panorama sindical. A problemática associada à precaridade professores contratados, que agora ganha força nos blogs e nas redes sociais, nunca mais será tratada num registo de “faz de conta” por algumas organizações sindicais, pois os tempos mudaram e quem não quiser ou não puder perceber esta nova realidade depressa ficará relegado irremediavelmente para segundo plano, correndo o risco de se tornar irrelevante. 

Cabe às organizações sindicais a defesa de todos os professores. Todos sem exceção, mesmo os que se encontravam até agora numa posição mais frágil - os professores contratados. Professores que encontraram um novo instrumento que lhes possibilita fazerem-se ouvir e exigir respostas efetivas à sua justa pretensão de estabilidade profissional. Que exigem serem tratados como pessoas e não números, que exigem a sua plena dignidade profissional.

Nunca mais quero ver professores contratados a entrarem cabisbaixos numa sala de professores por ganharem muito menos, trabalharem muito em condições por vezes mais agrestes, por estarem longe dos filhos e não saberem nunca o que os espera no ano seguinte!

É preciso agir agora, para acabarmos com esta “escravidão laboral” dos tempos modernos!

A indignidade não deve caber nas relações laborais. Mas, há muitos anos que os professores contratados estão para lá desse limite, sofrendo em silêncio, como convinha a certos setores.

 Conto com organizações sindicais que queiram mudar de rumo em relação aos professores contratados de Portugal. Sem subterfúgios, com ações concretas e visíveis para todos, honestas, sem compromissos duvidosos, com verdade!

É por isto que luto!

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