quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Da hipocrisia de alguns professores dos quadros à injustificada baixa auto-estima dos professores contratados


Porque é que os professores contratados se têm deixado xingar por alguns professores bem instalados nos quadros, sendo frequentemente humilhados por estes, embora, e felizmente, acarinhados por muitos outros igualmente do quadro?

Há nas nossas escolas um conjunto de lambe-botas sempre tão agarrados ao preconceito de que aqueles que não estão nos quadros são o povo, a ralé, e “nós” a nobreza!

Não é raro ouvir no meio das conversas do cochicho, “é contratado!...” , como se essa fosse uma condição menor, que de facto o é, mas no salário e na instabilidade, não na dignidade e no valor enquanto profissional.

Estas galinhas de capoeira escolar, tresandam a arrogância, um mau odor adquirido pela condição a que chegaram, esquecendo-se da sua condição de mortal ou fazendo por isso, para na sua pequenez mental acharem que um contratado não deve sequer falar nas suas reuniões para não incomodar os demais, em particular a “nós que somos do quadro”, o mesmo é dizer “que atingimos um estatuto superior, enfim o limbo!”.

O problema destas atitudes de xenofobia profissional (o mais correto seria dizer amadora tal é a dimensão intelectual microscópica desta galinhagem!) não está nos professores contratados nem nos muitos professores dos quadros às direitas, o problema está nas pessoas com estupidez crónica pela sua baixa capacidade intelectual no que se refere à sensibilidade em geral, e devido à sua baixa auto-estima que lhes faz bater nos que têm um vínculo mais fraco, nos que estão a prazo, como se nesta vida não estivéssemos todos a prazo! O problema está também mais acima no poder, em quem nos desgoverna, muitos deles também saídos dos meios académicos onde se pisa com precisão os de vínculo mais fraco. As bestas chegam mais facilmente ao poder do que os justos, precisamente porque são bestas. Mas, também há os justos que lá chegam, mas que são rapidamente silenciados por quererem demais segundo os dominantes.

Assim, as mentes mesquinhas, que é sempre bom lembrar, as que a terra também há-de comer como qualquer um, enxameiam as nossas escolas com os seus ferrotitos afiados apontados aos mais fracos, aqueles que segundo esta estirpe viral são gente menor, gente contratada que não fica e por isso deve ser humilhada. “E Deus nos livre de esta gente um dia entrar para o quadro, então é que nunca nos descongelariam” , dizem, como já ouvi, entre si! Mas será que esta gente algum dia teve o seu pequeno cérebro descongelado?!

Será que esta gente não se lembra de quando entrou numa escola pela primeira vez?

O pior disto tudo é que gente como esta também se meteu nos sindicatos dos professores efetivos, a par de alguns justos, felizmente, mas a história repete-se…

Infelizmente há muita gente nos meios sindicais que voou diretamente da sua arrogância em relação aos professores contratados na sala de professores para a manifesta hipocrisia sindical com lugar garantido por muitos e bons anos de boa vida. Uma vez aí chegados, a luta vai num só sentido: professores do quadro de escalões superiores são para defender, os dos escalões mais baixos que se amanhem (veja-se o que foi feito na avaliação de professores ao exigir-se tudo àqueles que estivessem abaixo do 4.ºesc. e quase nada aos que estivessem acima!);
"- os professores contratados, é pá esqueçam, sempre podemos fingir que os defendemos, mas temos consciência que somos sindicato de professores efetivos. Ora se até com esses fingimos que os defendemos na totalidade, íamos lá agora defender os desvinculados. Isto não é para se dizer, mas uma greve por uma causa de contratados, nunca! Isso era a nossa desgraça!"
 Dizem-no ou não entre eles, ou pensam entre eles, ou piscam o olhos e não agem, mesmo sabendo que poderia ser uma greve eficaz nem que fossem só alguns dos contratados a fazê-la, como por exemplo uma greve às avaliações no final de ano a exigir uma vinculação extraordinária justa de quem anda nisto há muitos anos, em que bastaria um único professor a fazê-la para um CT não se realizar!

“Alguma vez, enquanto sindicatos dos professores efetivos iríamos fazer uma desfeita destas aos nossos associados mais conservadores. E depois, ai Deus nos livre de estes contratados entrarem nos quadros, vão-nos passar à frente em tudo, vão ocupar os nossos carguitos nas NOSSAS escolas, vão congelar-nos para o resto da vida, vão passar-nos à frente nos NOSSOS concursos, vão começar a falar mais alto na nossa presença!...

DEUS NOS LIVRE E GUARDE!”


Colegas, professores contratados, abram os olhos, apesar de termos muitos colegas de quadro às direitas, seguramente solidários connosco, há uma minoria que também assume cargos sindicais que vê a efetivação dos professores contratados como uma forte ameaça para eles e para os seus, que tudo farão para evitar uma entrada nos quadros em massa de professores contratados muitos há 10, 15 e 20 anos. E o pior de tudo é que muitos há que infestaram os sindicatos com estas ideias de xenofobia de âmbito socioprofissional, de apartheid no seio da classe docente.


E tu, vais continuar a descontar para quem te trama a vida dizendo que te defende!

2 comentários:

  1. Por favor, parem de nos dividir. Quanto mais tramarem os do quadro (mais turmas lhes derem, mais horas e tudo o mais que os obrigam a fazer acima do seu horário de trabalho, menos trabalho fica para contratar mais pessoal! É difícil de perceber? Estamos todos no mesmo barco. O que se passa nas escolas está a ser dramático para todos os que valorizam a profissão.

    ResponderEliminar
  2. Há uma diferença cara colega. Os professores contratados n~´ao querem migalhas, restos dos outros, os professores contratados são professores! O salário baixo e a má vida de precariedade são para a colega respeitar. O resto são balelas.

    ResponderEliminar

Podem comentar com responsabilidade total pelo que escreverem.