Que há milhares de professores contratados que são gente com imensa tarimba moldada por muitos anos de serviço, bastantes com mais de 15, 20 anos a contrato. São colegas que, no meio de tanta precariedade, acabaram por constituir família, tendo atualmente filhos para sustentar. São professores e simultaneamente pais, que não estão dispostos a abdicar de continuar a trabalhar para continuarem a criar os filhos com a dignidade garantida por um posto de trabalho nas escolas, agora dentro dos quadros. Todos os limites foram ultrapassados há muitos anos, mantendo estes professores numa vergonhosa precariedade, configurando uma espécie de escravatura laboral dos tempos modernos. E agora, com pezinhos de lã, quer-se acabar com essa também espécie de degredo - a contratação a termo certo, atirando para o desemprego quem serviu durante tantos anos a nobre causa de ensinar várias gerações.
Quando está sozinho e se trata de defender a própria dignidade, o ser humano, em geral, reage com o vigor suficiente para acautelar os seus direitos. Mas, quando é também a dignidade dos filhos que está em causa, nomeadamente o perigo de não satisfação das suas necessidades básicas, um pai ou uma mãe multiplicam por um milhão a força que teriam se o problema os afetasse somente a eles próprios.
Os professores contratados de longa duração não podem ser tratados como ingénuos, pois usarão todas as forças que têm para se defenderem e sobretudo defenderem os filhos. Se o governo quer ter alguma paz social no seio da classe docente tem de prosseguir a anunciada intenção de vincular todos os professores contratados com muitos anos de serviço, quer fiquem ou não colocados no dia x (?) de Setembro nas escolas.
Uma nova vinculação terá de ser feita em 2014, caso contrário aqueles professores terão uma atuação incisiva junto da opinião pública e das instituições judiciais. Em relação a isto sei que se prepara uma grande vaga de recurso aos tribunais por parte de professores contratados. Ações essas com uma agravante para os cofres do Estado, sendo certo que estes professores vão pedir além da vinculação, que sejam indemnizados por danos materiais por cada ano que estiveram a contrato além dos quatro anos previstos na Diretiva 1999/99/CE que o estado teima em não por em prática há onze anos a esta parte.
Será que a Ministra das Finanças já foi informada pelo Crato que isto vai sair muito mais caro aos cofres do Estado? Estarão erroneamente convencidos os dois, mais o Passos Coelho, que os professores contratados, com filhos para alimentarem , vão ficar parados na agonia de um subsídio de desemprego efémero, sabendo que a seguir é o desemprego e a miséria?!
Nem pensem nisso! Não se esqueçam que os milhares de pais, professores contratados, não ficarão inertes perante a afronta à sua dignidade e à dos seus filhos.
A aflição destes professores, pais desesperados, moverá montanhas em defesa daqueles que amam em primeira instância. Crianças e jovens que já sofreram muito com esta vergonhosa precariedade, muitos estando demasiado tempo separados dos progenitores pela distância das colocações, professores contratados que pouco puderam acompanhar o seu crescimento.
A ministra há-de saber disto!
(Readaptação do post publicado há um ano atrás. Os problemas persistem depois de uma vinculação extraordinária residual!)
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