segunda-feira, 3 de março de 2014

A Prova n.º1 - A PROVA DE QUE COLOCAR PROFESSORES DO QUADRO A CONCORRER À FRENTE DOS RECÉM VINCULADOS É UM ERRO… CRATO!

Primeiro ato  


"A leveza de uma graduação forçada e o peso da precariedade"

O Arlindo deixou estes dias o seguinte desafio, a propósito de o meio sindical vigente e ele próprio acharem que os docentes do quadro devem concorrer numa prioridade acima dos recém vinculados, ao qual quis responder:

"Quem acha que esta regra é descabida pergunto apenas uma coisa. Há algum contratado que não tenha vinculado com mais graduação que algum docente do quadro e tenha feito as mesmas opções de quem vinculou? Se houver dou-vos razão". (in Arlindovsky)


Presente! Eu, o que está de dedo no ar!


Neste caso estou em profundo desacordo com o Arlindo e passo a explicar porquê:

Veja-se o caso dos professores com habilitação própria até 2005 e aos quais só foi permitido fazerem a profissionalização a partir daí.

A maioria desses colegas só em 2007 terá começado a concorrer com habilitação profissional, ou seja nem sequer apanharam o comboio de vagas para o quadro de 2006 porque não puderam concorrer com habilitação profissional (HP). 

Façamos um pouco de história do percurso profissional destes colegas:

- Muitos deles fizeram as licenciaturas sem estágio integrado porque, pura e simplesmente, só lá por meados dos anos oitenta começaram a surgir a conta-gotas as primeiras licenciaturas com essa valência.

Ou seja, muitos colegas nessa situação concorreram anos e anos sem habilitação profissional porque o próprio ME não permitia que fizessem a profissionalização, a não ser que ingressassem nos quadros! Como é óbvio, até hoje, mesmo a concorrer para o país inteiro, nunca conseguiram!

Estes colegas chegaram à primeira década deste século com essa lacuna imposta no seu currículo. 

Resultado, esses sim viram outros colegas mais novos passarem-lhes à frente e efetivarem na sua vez, porque aqueles ao terem feito cursos com estágio integrado concorriam logo numa primeira prioridade.

 Ora, os colegas mais velhos viam-se ano após ano cada vez mais para trás nas listas de ordenação por via da regra estupidamente vigente até aos nossos dias. 

Senão vejamos: cada ano de serviço com habilitação própria só contava meio ponto na graduação, enquanto que se tivesse sido cumprido com habilitação profissional contava, como paradoxalmente ainda conta, um ponto na graduação!!!

 Ora,  além de terem sido penalizados a concorrer sucessivamente, ano após ano, em segunda prioridade, estes colegas mais velhos iam perdendo o comboio das vagas postas a concurso. Uma autêntica pescadinha de rabo na boca!

Se quisermos optar pela cegueira da análise, encolhemos os ombros e dizemos: pois, mas regras são regras!

Então não interessa a patetice da regra nem a abécula do pateta que a expeliu?!

Se optarmos pela outra forma de análise, a intelectualmente séria, então chocar-nos-á que, administrativamente, estes colegas mais velhos tenham sido ardilosamente ultrapassados por colegas mais novos e menos graduados. Mas, se as regras não fossem o absurdo que foram... 

Então cabe lá na cabeça de alguém que só por ter um estágio se receba mais um valor por cada ano a acrescentar à graduação para concurso, mas que sem estágio se seja menorizado, ficando neste caso pela metade. Mas que raio, dois docentes nestas duas situações não trabalharam o mesmo, não exerceram a mesma atividade durante o mesmo número de dias. Mas o que mais me choca é o assumir de muita gente de que assim é que é justo – justiça para quem?!

Mas há mais! Colegas houve que passaram por colégios onde rapidamente puderam fazer a profissionalização, que rapidamente saltaram para o público com o acordo da entidade patronal de origem, tendo mesmo com menor graduação ocupado lugares dos professores que eram obrigados a concorrer em segunda prioridade.

SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA: FINALMENTE COLOCAR ESTES COLEGAS A CONCORRER NA MESMA PRIORIDADE DOS ATUAIS PROFESSORES DO QUADRO, PORQUÊ?…


- PORQUE SE NÃO ESTÃO NO QUADRO NÃO FOI POR SE TEREM ESQUIVADO DE IR PARA LONGE! 

PORTANTO, COMO A CULPA DE AINDA SEREM PRECÁRIOS NÃO FOI DELES, LOGO QUERO JUSTIÇA!


Jorge Costa (Professor do Quadro)

5 comentários:

  1. Finalmente alguém que pensa como eu e não pensa só em si...haja justiça!

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  2. Um concurso justo, todos em pé de igualdade e 365 são 365 dias, faltou acrescentar que ganhou quase metade nos vencimentos e não progrediu na carreira, conheço quem já trabalha há mais de 20 anos e esteja nos 1 escalão....

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  3. Jorge, mais uma vez a tua honestidade e sabedoria vem impor-se a tudo e todos que impediram que a exploração de contratados não tivesse parado em 2001. Interessa a muita gente ver os pobres contratados na miséria para manterem os seus lugarzinhos. Eu não quero ultrapassar ninguém e espero que os interesses de todos sejam salvaguardados.
    Jorge, eu tenho uma primeira licenciatura em português-francês com estágio a antiga, depois fiz outra licenciatura em português-espanhol, quando terminei, exigiram a profissionalização em espanhol, que até aí não era preciso, então tive de fazer mestrado em ensino de português e espanhol. Tenho 12 anos de serviço que vi reduzidos para metade porque só conta 1valor a partir do momento em que se obtém a profissionalização no grupo em questão. O mais cômico e que para português francês conta todo o tempo de serviço por inteiro, inclusive o dado em espanhol antes da profissionalização. E para espanhol não conta. Claro que uns quantos me passam a frente em espanhol que tem apenas 6 ou 7 anos de serviço, mas contados depois da profissionalização. Não e justo. Tens toda a razão.

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  4. Realmente é cego aquele que não quer ver. Não percebo porque ainda se fala (passado dezenas de anos) na questão da graduação do meio valor e do valor inteiro para profissionalizados (o que me parece da mais elementar justiça); mas, vejamos onde estão as ultrapassagens dos colegas mais antigos pelos mais novos:
    Eu cabei o curso com estágio integrado em 1991, concorri, no concurso na 2ª parte e fiquei a cerca de 90 km de casa. No concurso seguinte, tb não efectivei e fiquei sensivelmente à mesma distância. Nesses dois anos o meu tempo de serviço contou dois anos, tal como aos meus colegas mais velhos, que não tiveram nos seus cursos estágio integrado, mas fizeram posteriormente a profissionalização. Convém lembrar que as médias de entrada dos cursos de ensino eram bastante mais elevadas do que as médias dos cursos sem estágio integrado. Lembro também que estes cursos de ensino já existiam à uns bons anos. Mas quem eu ultrapassei? quem não teve média para entrar nos cursos de ensino? quem tardiamente fez a profissionalização? Hoje, tenho cerca de 25 anos de serviço e querem que estes meus colegas me passem à frente porque não entraram nos cursos de ensino ou porque dicidiram ingressar no ensino devido a não terem arranjado colocação na sua área cientifica?

    Continuando com o meu caso pessoal, no terceiro concurso concorri para a Madeira, efetivei, nos anos seguintes fiquei a cerca de entre 30 e 16 km de casa, onde me encontro presentemente.

    Nunca consegui lecionar na minha cidade, contudo, tem havido dezenas de vagas que são ocupadas por qzps e contratados, esses sim, que com uma graduação profissional muito inferior à minha.

    Caro Jorge, tente analisar as situações olhando para o desenho na sua totalidade.

    José Fernandes

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  5. O colega está a olhar muito para o seu umbigo e é daqueles que acha ter atingido o céu por ter feito um curso com estágio integrado. Aliás foram casos como os do colega que ultrapassaram injustamente colegas que tinham terminado cursos antes de meados dos anos 80 mas sem estágio integrado, porque pura e simplesmente não existiam. Tente ver mais longe que o seu interesse colega. E respeite quem fez formação científica e optou pelo ensino, pois esses profissionais tiveram uma componente técnica e científica superior à sua, não tenho qualquer duvida que é essa insegurança que o faz dizer o que diz!

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