segunda-feira, 17 de março de 2014

CONCURSOS E O NEGÓCIO DAS "NEGOCIAÇÕES" - UMA COMPILAÇÃO DA FARSA HABITUAL COM CONTORNOS DE PERVERSIDADE - O EPÍLOGO DE UMA LONGA HISTÓRIA.



A cozedura decorre no tempo previamente estipulado e vai em bom ritmo. O recheio da panela está adormecido... a confiar nos cozinheiros, o prato especial está para ser servido em breve. O sabor começa a generalizar-se... O tacho está a ficar uma delícia! Os comedores começam a esfregar as mãos de contentes!

Os clientes do costume são informados que podem iir começando a entrar, ir ocupando os seus lugares... os do costume. Ainda estão quentes desde da última vez!...
Os aperitivos começam a ser servidos aos convidados: un petit Filé mignon de contratado com molho a condizer. Parece que estão a gostar! 

 É dado à escolha um vinho das caves da precariedade, devidamente envelhecido, divina bebida das melhores castas, fruto do trabalho escravo dos da panela. Os convidados de honra serão os primeiros a provar!

 O cozinheiro principal, le grand chef, faz a prova de controlo para ver da necessidade de apurar mais o cozinhado. Surpresa das surpresas, a carne de contratado ao fim de horas de cozedura está dura como raio! É preciso metê-los na panela de pressão!!! já!!! - grito que se ouve no salão du restaurant des sindicalistes. La preocupation aumenta no seio da comandita de convidados VHIP (Very Hipocrisie).

 Entretanto vai chegando o patrono do jantar de gala com as suas damas de companhia aperaltadas pelas mais caras jóias do reino do faz-de-conta. Les sindicalistes de imediato lhes fazem a vénia complacente conforme o protocolo do costume. A festança está prestes a começar!

 Agora os convidados e os patronos vão trocando recuerdos em textos dourados com títulos como "A tramança do contratado", ou "Cozidos e grelhados: os sabores da precariedade", ou o mais dourado de todos, num formato simplista "As sobras são para deitar fora e os escravos são para ir junto!".


Soa o sino de última chamada dos convivas para o salão real. Conversa-se sobre a sorte dos cozinhados, com lamentos de lágrimas secas, evocando todos os sacrifícios dos enquadrados em concursos passados, para não se exagerar, sem descambar numa choradeira pelos miseráveis que estão prestes a ser comidos num banquete... realmente sindical!


 Sentam-se e vão pondo os babetes não vá sujarem-se de carne dura de contratado e das escorrências do sangue que lhes correu pelas veias durante os anos da precariedade. Acotovelam-se os enquadrados espreitando às janelas do Palácio das Laranjeiras para  para verem de perto a comezaina real. Quão abutres famintos, os comensais esperam ansiosamente que a criadagem lhes sirva as partes mais desejadas das carcaças, salivando de desejo pela miséria alheia!

 Os serviçais entram no salão nobre empunhando acima das suas cabeças as taças de prata a abarrotar com os mui almejados despojos humanos, abominavelmente comestíveis por dentes afiados dos cães raivosos.que já espumam numa habitual voracidade incontestavelmente atroz.


 Começa a comezaina! Vêem-se ossos ensanguentados dos contratados, dos cozinhados, desossados, liquidados, por um viciado jogo de dados, os malfadados, pela sorte quilhados, serem arremessados para trás das costas dos hipócritas sindicais e mais outros que tais.

 No topo da mesa a comitiva real palita os dentes pelo prazer alcançado ao ver a porca burguesia sindical satisfeita com tamanho sacrifício dos aflitos da vida. O rei barbudo grunhe entre-dentes para as damas de companhia: demos-lhes o que eles queriam!

1 comentário:

  1. Enfim Jorge, a comezaina do costume. Os direitos dos quadros assegurados e os desgraçados dos contratados ficam na mesma. QUE GRANDE FARSA!! Em 2015/2016, AH! AH! AH! Esperem para ver... NADA!!

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