Carta de um filho aos pais na metrópole
Mãe tenho 42 anos e estou à rasca. Filho tenho setenta e estou falida! Lembras-te, foi assim que me decidi a vir pra Angola. É assustador o futuro, mas há que mudá-lo. Como? Se for preciso emigrar a malta vai tal como o fiz com a promessa de voltar! Quando não sei minha mãe, mas hei-de voltar, e agora como não vamos prá guerra, havemos de voltar vivos. Esta é a única garantia que vos dou, meu pai e minha mãe. Por isso não choreis lágrimas de antigamente, porque este "soldado" há-de voltar!
O mundo mudou, mas prometo que hei-de tentar mudá-lo para o mais parecido com o do vosso tempo. Lamento estares a perder algo de mim, tal como choro todos os dias quando penso em vós. O povo Angolano é boa gente, mas falta-me o meu povo, o povo da minha aldeia, o Manuel e o João, a Maria e a Ana, os cheiros e os sabores da minha terra.
Os meus amigos estão aí. Imagina que até tenho saudades do cínico do Passos Coelho. Era bem melhor estar aí a vê-lo mandar-me embora e não ir, do que estar cá fora ouvindo-o dizer que não queria dizer o que disse! Ora, ora, então agora que cá estou é que o gajo me diz que afinal não era para eu vir! O sacana!
Os meus amigos estão aí. Imagina que até tenho saudades do cínico do Passos Coelho. Era bem melhor estar aí a vê-lo mandar-me embora e não ir, do que estar cá fora ouvindo-o dizer que não queria dizer o que disse! Ora, ora, então agora que cá estou é que o gajo me diz que afinal não era para eu vir! O sacana!
Pai e mãe, estou a fazer tudo por tudo para voltar depressa, mas quando aí chegar quero que me prometam que esse gajo já não estará no governo. É que não suporto olhar para a cara dele depois de tudo o que passei!!!
Conto voltar lá pra Setembro. Acham que dá tempo?!...