quarta-feira, 15 de maio de 2013

E AGORA ENTENDAM-SE!

As organizações sindicais devem unir-se na defesa de uma causa comum – os professores, todos – sem mais nem menos! E todos implica a união em torno dos professores do quadro e daqueles que já o deveriam ser e ainda o não são. E são estes, os eternamente contratados que, sendo o elo mais débil da massa do professorado, lhes devem trazer mais preocupações, quebrando a tradicional opção por uma só parte. Os professores têm de estar unidos, porque agora toca a todos. Para aqueles que achavam que só os contratados estavam vinculados à má sorte na vida, desenganem-se, pois agora vai tocar a todos e não só a esta franja de professores.

Para os mais distraídos, a quebra de horas letivas por via de ataques cirúrgicos aos currículos, do aumento da carga horária por arrastamento em relação ao que se quer fazer à Função Pública, do aumento da idade da reforma e fim das reformas antecipadas, entre outras ações abusivas da besta governamental, irão trazer dissabores até dramáticos em relação aos professores do quadro que se julgavam a salvo das desgraças alheias dos professores contratados.

Agora já não é assim, as coisas mudaram de rumo, temos um governo assaz bandido, assente numa retórica do coelhinho bravo com olhos e falinhas de manso, mas cujas garras estão por baixo do capote, afiadas até ao pescoço dos Funcionários Públicos, em particular dos professores que já não só os contratados.

Por isso, cuidem-se aqueles colegas que pensam ser o tempo um bom elemento de esquecimento de quem vos quer fazer mal e aos vossos filhos. Isto agora vai piando mais fino, pois esta classe de governantes representa interesses por vezes distantes de nós, do nosso povo, da nossa classe profissional, que é encarada como alvo preferencial  daqueles que querem espremer para encher a pança.

Os professores descartáveis deixaram de ser só os contratados. Não gosto disso, como já não gostava antes, embora houvesse antes quem não se importasse, e agora já se importe mais!

O mundo da educação é alvo de apetites vorazes que não olham a meios para destruir o pouco que resta da escola pública, numa clara estratégia para a rotular de medíocre, a caminho de um ensino mais privatizado, em que os professores sejam discriminados sem regras na sua colocação. Ora se já os contratados o têm sido nas contratações de escola, que fará se tivessem de concorrer aos privados. Nalguns casos seria igual ao pior concurso de contratação de escola atual. Melhor, nunca poderia ser!

Agora, todos estão a ser atacados, e por isso as organizações sindicais devem falar a uma só voz, sem demora, enquanto este ataque durar, devem estar unidas, mas com uma perspetiva de união pós resolução destes problemas. Mesmo que o inimigo dos professores recue, ao primeiro desarmar voltarão a cair em cima da classe docente. Portanto, deveriam as organizações sindicais equacionar e levar à prática um Conselho Sindical que agregasse as diversas organizações, onde em permanência fosse discutido o estado da educação e do exercício da profissão, sem Ordens, sem desvarios, sem egoísmos, com coesão. Impossível, dirão alguns, mas necessário, digo!

Esperemos que as organizações sindicais nunca caiam na tentação de deixar cair alguém dos quadros como o fizeram insistentemente com os contratados. Isso era o fim!

Se as organizações sindicais deixarem cair os horários zero no despedimento, tal como se esqueceram da defesa dos professores do quarto escalão ao deixarem-nos com uma avaliação de desempenho dependente de aulas assistidas e de cotas (quando os dos escalões acima deixaram de as ter), então os contratados deixarão de se poder queixar sozinhos. Mas, é garantido, sem alegria nenhuma com a desgraça de um único professor do quadro. Os contratados sabem o que é passar mal!

 Não ponham cem mil na rua se for para defender só alguns, defendam todos, sem rodeios nem truques na manga. A maior parte da malta já não é ingénua!

Agora entendam-se!