Para os mais distraídos, a quebra
de horas letivas por via de ataques cirúrgicos aos currículos, do aumento da
carga horária por arrastamento em relação ao que se quer fazer à Função
Pública, do aumento da idade da reforma e fim das reformas antecipadas, entre outras ações abusivas da besta governamental, irão trazer dissabores até dramáticos em relação aos professores do
quadro que se julgavam a salvo das desgraças alheias dos professores
contratados.
Agora já não é assim, as coisas
mudaram de rumo, temos um governo assaz bandido, assente numa retórica do
coelhinho bravo com olhos e falinhas de manso, mas cujas garras estão por baixo
do capote, afiadas até ao pescoço dos Funcionários Públicos, em particular dos
professores que já não só os contratados.
Por isso, cuidem-se aqueles
colegas que pensam ser o tempo um bom elemento de esquecimento de quem vos quer
fazer mal e aos vossos filhos. Isto agora vai piando mais fino, pois esta
classe de governantes representa interesses por vezes distantes de nós, do
nosso povo, da nossa classe profissional, que é encarada como alvo preferencial
daqueles que querem espremer para encher
a pança.
Os professores descartáveis
deixaram de ser só os contratados. Não gosto disso, como já não gostava antes,
embora houvesse antes quem não se importasse, e agora já se importe mais!
O mundo da educação é alvo de
apetites vorazes que não olham a meios para destruir o pouco que resta da
escola pública, numa clara estratégia para a rotular de medíocre, a caminho de
um ensino mais privatizado, em que os professores sejam discriminados sem
regras na sua colocação. Ora se já os contratados o têm sido nas contratações
de escola, que fará se tivessem de concorrer aos privados. Nalguns casos seria
igual ao pior concurso de contratação de escola atual. Melhor, nunca poderia
ser!
Agora, todos estão a ser
atacados, e por isso as organizações sindicais devem falar a uma só voz, sem
demora, enquanto este ataque durar, devem estar unidas, mas com uma perspetiva de união pós resolução destes problemas. Mesmo que o inimigo dos professores recue, ao primeiro desarmar voltarão a cair em cima da classe
docente. Portanto, deveriam as organizações sindicais equacionar e levar à prática
um Conselho Sindical que agregasse as diversas organizações, onde em permanência fosse discutido o estado da educação e
do exercício da profissão, sem Ordens, sem desvarios, sem egoísmos, com coesão.
Impossível, dirão alguns, mas necessário, digo!
Esperemos que as organizações
sindicais nunca caiam na tentação de deixar cair alguém dos quadros como o
fizeram insistentemente com os contratados. Isso era o fim!
Se as organizações sindicais deixarem cair os horários zero
no despedimento, tal como se esqueceram da defesa dos professores do
quarto escalão ao deixarem-nos com uma avaliação de desempenho dependente de
aulas assistidas e de cotas (quando os dos escalões acima deixaram de as ter), então os
contratados deixarão de se poder queixar sozinhos. Mas, é garantido, sem alegria nenhuma com
a desgraça de um único professor do quadro. Os contratados sabem o que é passar mal!
Não ponham cem mil na rua se for para defender
só alguns, defendam todos, sem rodeios nem truques na manga. A maior parte da malta já não é ingénua!
Agora entendam-se!