Caro João e estimado Mário
Escrevo-vos num momento de algum regozijo contido da classe sobre a conclusão das negociações com o MEC.
O desafio que vos coloco muito respeitosamente é o de dizerem publicamente o que pensam fazer acerca da exigência de um novo concurso externo extraordinário de vinculação de professores em 2014. Pressinto que o João e o Mário já pensaram nisso, pelo menos que a associação que defende os professores contratados iria avançar com essa exigência.
Quanto à FNE, esperemos caro João que inflita na argumentação infeliz usada aquando do pedido precipitado e ofensivo para os professores esperançados (contratados) ao solicitar ao MEC a anulação do concurso extraordinário que mesmo assim acabou por se realizar ainda no corrente ano. Um autêntico tiro no pé. Não é assim que se tratam os colegas de profissão. Nunca houve um pedido de desculpas e a boa educação exigia-o. Lamento caro João a dureza destas palavras, mas a ofensa foi tal que merecia um recuo por parte da FNE. Afinal os professores esperançados tiveram e têm motivos para estarem zangados com a FNE. O João Dias da Silva como homem de boa vontade deve pedir desculpa aos professores contratados sem nada dizer, exigindo pura e simplesmente um novo concurso extraordinário de vinculação com vagas reais.
É óbvio que, de momento, não temos a força de uma greve às avaliações a servir de alavanca às pretensões dos professores contratados. Para já e este ano!
No próximo ano veremos o que irá ser feito por uma eventual nova organização sindical exclusiva de professores contratados. Se vier a surgir essa organização, como é possível que surja, com capacidade efetiva para convocar uma greve de professores contratados às avaliações, seria garantido que as principais organizações sindicais ficariam reféns da sua própria inércia, pois como é líquido os professores contratados adeririam em força (veja-se a forte adesão este ano nas greves às avaliações, mesmo beneficiando em primeira instância os colegas dos quadros).
Imagine caro João se a greve tivesse sido convocada por um sindicato exclusivo de professores contratados por uma causa só de professores contratados. Qual seria o grau de adesão destes colegas a uma greve às avaliações de final de ano em defesa de causas próprias?!
Uma coisa foi positiva na greve que decorreu este ano, os professores contratados aprenderam como fazer pressão sobre o MEC e não só!
Uma coisa foi positiva na greve que decorreu este ano, os professores contratados aprenderam como fazer pressão sobre o MEC e não só!
É assim compreensível que tanto o Mário como o João devam refletir no âmbito de um processo conjunto de reflexão e de prevenção acerca do impacto que teria o surgimento de uma organização sindical de professores contratados, independente das vossas federações ou de qualquer outra.
Se quiserem, uma organização sindical "rebelde", que usará as armas que tem à mão para exigir uma vinculação justa dos professores contratados há longos anos, numa neo-escravatura laboral sem precedentes.
Portanto não devem agora voltar a ficar quietos e calados!
Sinceramente acho que não querem isso, pois não?!
Se quiserem, uma organização sindical "rebelde", que usará as armas que tem à mão para exigir uma vinculação justa dos professores contratados há longos anos, numa neo-escravatura laboral sem precedentes.
Portanto não devem agora voltar a ficar quietos e calados!
Sinceramente acho que não querem isso, pois não?!
Como sabem, basta que um professor de um Conselho de Turma faça greve para bloquear o processo de avaliações de final de ano. Ora, não será difícil que existam pelo menos quatro ou cinco professores contratados num CT tal é a dimensão da precariedade nesta nossa profissão. É garantido que a máquina encrava mesmo sem o aval das vossas organizações sindicais!
Que bom se não chegássemos aí, mas hão-de convir Mário e João, estão a empurrar-nos para a constituição de uma nova organização sindical que efetivamente lute pelos interesses dos professores contratados.
É preciso mudarem de rumo e exigirem imediatamente essa vinculação extraordinária agora que as regras que acabaram de negociar ficaram claras, pelo menos as principais.
Que bom se não chegássemos aí, mas hão-de convir Mário e João, estão a empurrar-nos para a constituição de uma nova organização sindical que efetivamente lute pelos interesses dos professores contratados.
É preciso mudarem de rumo e exigirem imediatamente essa vinculação extraordinária agora que as regras que acabaram de negociar ficaram claras, pelo menos as principais.
Caros Mário e João, faço-vos um apelo, exijam e negoceiem uma nova vinculação, sem recurso a artimanhas que deixem satisfeita a parte da vossa clientela mais conservadora, aquela que acha que um professor contratado deve estar abaixo de cão, para não colocar em causa os privilégios que aqueles têm ou julgam ter e não deveriam.
O que fazer então: Apesar de professor no ativo, quem sou eu para vos ensinar o que quer que seja de estratégia!
Mas digo-vos o que me vai na alma ao perceber os legítimos anseios dos professores contratados que ouso defender. Exijam que ainda durante o mês de Julho se inicie um processo de negociação de uma nova vinculação a ter lugar até ao final do corrente ano civil. Esse é o limite aceitável para uma ação efetiva de defesa dos professores contratados.
Mas digo-vos o que me vai na alma ao perceber os legítimos anseios dos professores contratados que ouso defender. Exijam que ainda durante o mês de Julho se inicie um processo de negociação de uma nova vinculação a ter lugar até ao final do corrente ano civil. Esse é o limite aceitável para uma ação efetiva de defesa dos professores contratados.
Não encarem esta posição como uma afronta ou uma chantagem, mas como uma forma salutar de dizer basta!
Basta de hipocrisia, basta de arrastamentos sucessivos da precariedade, basta de jogo por debaixo da mesa!
Apelo-vos porque sei que ides pensar muito no assunto!
São vidas que estão suspensas no gélido inverno da precariedade laboral neste nosso pequeno país assolado pela tacanhez do status quo profissional .
Mário e João, falo-vos agora virtualmente olhos nos olhos.
Corrijam a trajetória, sejam lestos, façam-no com justiça, para que, quando saírem dos vossos cargos, possam dizer a todos e sobretudo a vós próprios, que não entre-dentes:
Corrijam a trajetória, sejam lestos, façam-no com justiça, para que, quando saírem dos vossos cargos, possam dizer a todos e sobretudo a vós próprios, que não entre-dentes:
" - estou de consciência tranquila porque tudo fiz para acabar com a escravatura laboral dos homens e mulheres, professores contratados, que muito fizeram pela formação dos cidadãos deste nosso país!".
João e Mário, garanto-vos que com o pesar da idade ides refletir muito acerca das vossas ações ou inações passadas e, como acontece com todos os mortais (se não entrarem em negação!), as inações vão pesar no vosso grau de felicidade.
"O que é que eu fiz?!" Esta é talvez a pergunta que mais assola os velhos homens.
Tenho intenção de a fazer a mim próprio, no devido tempo, por isso vos estou a escrever!
Como sincero amigo, não quero que fiqueis com remorsos caro João e estimado Mário!
Um forte abraço, quase sindical, para os dois, que espero reciprocamente signifique: sem ressentimentos!
Jorge Costa
PS. - Esta noite, quando forem dormir, se porventura sonharem que estão numa escola, na sala de professores, façam força para acreditarem que são professores contratados!