Cientistas e voluntários portugueses participaram num estudo internacional inédito sobre os efeitos da leitura no córtex cerebral, comparando analfabetos, leitores e ex-iletrados. Quando reconhecemos uma palavra escrita, o córtex auditivo é activado (Foto: Daniel Rocha)
Quando se aprende a ler, é como se uma armada vitoriosa chegasse às costas desprevenidas do nosso cérebro. Muda-o para sempre, conquistando territórios que eram utilizados para processar outros estímulos - para reconhecer faces, por exemplo - e estendendo a sua influência a áreas relacionadas, como o córtex auditivo, para criar a sua própria fortaleza: uma nova zona especializada, a Área da Forma Visual das Palavras. Isto acontece sempre, quer se tenha aprendido a ler aos seis anos ou já na idade adulta.
Esta é uma das conclusões de um estudo internacional publicado hoje na edição online da revista Science, em que participaram cientistas portugueses - e voluntários portugueses também, pessoas que aprenderam a ler já tarde na vida.
"Este é o primeiro trabalho que compara o cérebro de pessoas letradas e analfabetas, mas também de ex-iletradas (que aprenderam a ler em adultos)", explica José Morais, professor jubilado de Psicologia da Universidade Livre de Bruxelas e um dos autores do artigo.
Reciclagem neuronal
"Comparando o cérebro destas pessoas podemos ver o impacto da aprendizagem deste código no nosso cérebro", adianta Paulo Ventura, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. "Trabalhámos sobre a hipótese da reciclagem neuronal, defendida pelo chefe da equipa, Stanislas Dehaene [do INSERM-Instituto Nacional da Saúde e da Investigação Médica francês]. A ideia é que, sendo a escrita algo relativamente recente na história humana, com cerca de 6000 anos, não houve tempo suficiente para que se desenvolvessem estruturas físicas no cérebro" com ela relacionadas, explica.
Na falta de ordens evolutivas codificadas no nosso ADN, o que acontece é que o cérebro de cada pessoa que aprende a ler se modifica para acomodar as novas capacidades, porque tem uma grande capacidade plástica. E a leitura recruta uma área cortical semelhante em todas as culturas humanas. Os cientistas estavam também interessados em perceber quais as funções desalojadas, digamos assim, pela nova área cerebral que é criada quando se aprende a ler, para além de compreenderem como passa a funcionar o cérebro leitor.
Dez analfabetos brasileiros, da região em torno de Brasília (com a idade média de 53,3 anos, e originários de meios rurais), 22 pessoas que aprenderam a ler em adultos (12 deles portugueses, alguns recrutados na zona de Paris) e 31 letrados (11 portugueses) foram os participantes.
"Foi difícil encontrar iletrados portugueses, até porque quando começámos o estudo, há três anos, acabaram os cursos de alfabetização para adultos, que era onde podíamos mais facilmente encontrar estas pessoas, quando se inscreviam", diz José Morais. "Em Portugal, felizmente, é cada vez mais difícil encontrar analfabetos."
Os cérebros dos voluntários recrutados foram analisados - observados em acção - quando resolviam uma série de testes. Para isso, foi usada a ressonância magnética funcional, um exame de imagiologia que permite medir os níveis de actividade nas diferentes zonas do cérebro num determinado momento (ver ilustração).
"Os brasileiros foram testados no Brasil, através da rede de hospitais privados SARAH, de neurodiagnóstico e neurorreabilitação, mas quando o projecto começou, não havia em Portugal máquinas com potência suficiente. Fizemos uma ponte aérea com Paris", explica Paulo Ventura.
E o que descobriram então os cientistas sobre o que acontece ao cérebro de quem aprende a ler?
Nunca é tarde
sábado, 13 de novembro de 2010
De casa às costas, sem família, sem amigos: Professores do ensino básico e secundário contratados há 15-20 anos
Estes professores, com dez a vinte anos consecutivos ao serviço do Ministério da Educação, são profissionais da educação com muita experiência de ensino, sendo pessoas que estão próximo ou já ultrapassaram os 40-50 anos de idade, vivendo situações problemáticas traduzidas por projectos de vida adiados resultantes da precariedade de emprego, resultante da teimosia dos sucessivos governos. Estes docentes foram e são necessários ao sistema devendo o Estado, finalmente, reconhecer a sua grande experiência profissional e o seu esforço e dedicação à causa da educação, facultando-lhes uma justa e merecida estabilidade profissional.
O concurso extraordinário é necessário e justo que se faça no próximo m~es de Janeiro.
O concurso extraordinário é necessário e justo que se faça no próximo m~es de Janeiro.
A derradeira defesa o derradeiro ataque: Fenprof quer dar golpe final nesta ADD depois de ter concordado em engolir o sapo em Janeiro de 2010
"O Ministério da Educação não sabe como aplicar o actual modelo de avaliação, vendo-se obrigado a encontrar sucessivas excepções que são ilegais e pedagogicamente ilegais", afirma a federação, em comunicado, exigindo a suspensão imediata da avaliação em curso.
Em causa está uma circular da Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação enviada às escolas, segundo a qual se pretende "obrigar" os professores a aceitarem avaliadores de grupos de recrutamento diferentes dos seus, mediante declaração escrita, sob pena de se sujeitarem ao que for decidido pelas direcções regionais de educação.
"Esta aberrante circular contém um anexo com orientações para as escolas cumprirem, as quais são ilegais, nomeadamente a possibilidade de docentes que a lei impede de serem avaliadores serem obrigados a exercer tal actividade", por exemplo, segundo a Fenprof, liderada por Mário Nogueira.
Perante isto, a federação sindical, que hoje reuniu o seu secretariado nacional, decidiu "avançar com processos em tribunal", também em relação à progressão dos professores.
Na quinta-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Educação garantiu que as escolas têm todas as condições para implementarem a avaliação de desempenho.
"O Ministério da Educação não identifica qualquer motivo para levar a cabo uma suspensão da aplicação do modelo de avaliação do desempenho docente que está a desenvolver-se de uma forma perfeitamente normal nas nossas escolas", disse à agência Lusa Alexandre Ventura.
O governante desmentiu ainda que haja "falta de indicações, de esclarecimentos ou de orientações" por parte da tutela.
Em causa está uma circular da Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação enviada às escolas, segundo a qual se pretende "obrigar" os professores a aceitarem avaliadores de grupos de recrutamento diferentes dos seus, mediante declaração escrita, sob pena de se sujeitarem ao que for decidido pelas direcções regionais de educação.
"Esta aberrante circular contém um anexo com orientações para as escolas cumprirem, as quais são ilegais, nomeadamente a possibilidade de docentes que a lei impede de serem avaliadores serem obrigados a exercer tal actividade", por exemplo, segundo a Fenprof, liderada por Mário Nogueira.
Perante isto, a federação sindical, que hoje reuniu o seu secretariado nacional, decidiu "avançar com processos em tribunal", também em relação à progressão dos professores.
Na quinta-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Educação garantiu que as escolas têm todas as condições para implementarem a avaliação de desempenho.
"O Ministério da Educação não identifica qualquer motivo para levar a cabo uma suspensão da aplicação do modelo de avaliação do desempenho docente que está a desenvolver-se de uma forma perfeitamente normal nas nossas escolas", disse à agência Lusa Alexandre Ventura.
O governante desmentiu ainda que haja "falta de indicações, de esclarecimentos ou de orientações" por parte da tutela.
Falar de educação
Pretendo neste espaço falar de educação no pleno sentido da sua abrangência, informando, comentando e discutindo sobre assuntos de interesse geral.
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